O som do Young Marble Giants é lembrado automaticamente ao ouvirmos High Places. Como Alison Statton, dos Giants, a voz de Mary Pearson é frágil, cantada quase sem esforço. Já as melodias desviam-se da estrutura mais clássica dos Giants mas são também construídas com bases mínimas e repetitivas. Mas onde os Young Marble Giants eram regrados e secos, os High Places pintam tudo com camadas de reverb e desenham quadros balneares, nada austeros.
O segundo disco “High Places” (2008/ Thrill Jockey) amadurece as pistas deixadas na coleção de singles “03/07-09/07”, primeiro registro em estúdio da dupla. É novamente um disco de cantilenas danificadas, feitas da junção da voz quase infantil de Pearson com partes instrumentais e ritmos simples em loop. A diferença está na concisão de idéias e no cuidado maior com a produção. "The tree with the lights in it" é alegre, com múltiplos micro-ritmos justapostos, falsamente tropical, inventora de praias e outros locais paradisíacos mentais (o disco foi gravado no apartamento do duo em Brooklyn, que é tudo menos o que a música sugere). Já a pequena "Papaya year" é de uma assinalável paz luminosa, perfeita para anteceder "Namer", com percussão africana.
O que torna a música dos High Places especialmente encantadora é a forma como transformam as noções de inacabado e simples em vantagens. Usam loops, mas não têm nada de mecânico, apostam em ritmos simples e em poucas idéias por canção, mas conquistam-nos pela profundidade da alegria que professam.
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