Entre um escândalo e outro, Courtney Love lança seu primeiro álbum solo
Correr nua pelas ruas de Londres, jogar pedestais de microfone no público, brigar com Dave Ghrol, depredar casas de desafetos, usar drogas diversas e provocar escândalos em geral. Essas não são as únicas habilidades de Courtney Love. A moça também faz discos de rock, como esse America’s Sweetheart. É seu primeiro lançamento solo após o fim da sua banda, o Hole, em 2002, em meio a pendengas judiciais com a gravadora Geffen.
O álbum foi gravado com a colaboração de músicos como Wayne Kramer (MC5), Kim Deal (Pixies, Breeders) e Scott McCloud (Girls Against Boys). Love ainda recorreu à ajuda dos compositores Bernie Taupin, antigo parceiro de Elton John, e Linda Perry, que já trabalhou com 4 Non Blondes, Pink e Christina Aguilera. Na busca por um som mais acessível, que deu certo em Celebrity Skin, o último álbum do Hole, de 98, dessa vez Love se perdeu.
Seu discurso continua contundente. Ela fala sobre uso de drogas, sobre como se sente velha (com 39 primaveras, ela é realmente uma tiazona perto dos novos “talentos” da música americana) e, com a língua afiada, ataca o novo rock, em “Mono” (o primeiro single) e “Julian, I’m a little bit older than you”, inspirada num suposto caso com o frontman dos Strokes, Julian Casablancas. Em “Sunset Strip”, a ex–Mrs. Cobain lamenta: “Eu tomo pílulas porque eu estou entediada / eu tomo pílula porque você está morto”.
Além de “Mono” e “Julian”, ambas rockões potentes, ela acerta a mão em alguns outros momentos. “Hold on to me” está entre o que ela já fez de melhor, incluindo o clássico álbum do Hole, de 1994, Live Through This. As guitarras com texturas modernosas de “All the drugs” fazem lembrar a baianinha Pitty (!?). Em “I’ll do anything”, ela tem a manha de plagiar “Smells like teen spirit”, do Nirvana, “Song 2”, do Blur, e “Connection”, do Elastica, ao mesmo tempo. Em “Life despite god”, Amor tenta ser Robert Plant e deixa de lado por uns momentos o seu “projeto mainstream”.
Mas America’s Sweetheart acaba marcado por baladas longas e insossas como “Never gonna be the same” e “Sunset Strip”. “Zeplin Song”, com sua ótima letra reclamando de um cara que só sabe tocar uma música do Led Zeppelin, ficaria ótima na voz de Avril Lavigne, não de Courtney. Na chatinha “Uncool”, ela pergunta: “Would it be uncool if I could write a love song?”. Uma pena que, depois de seis anos de espera, Courtney Love tenha soltado esse disco, com algumas músicas bacanas, mas com tantas outras entediantes, e um resultado tão assim, uncool.