Desde já, uma das maiores descobertas no início de ano. Tanto que a capa do disco nem ainda foi divulgada pela internet. Nem adianta procurar. O que mostra um forte anonimato por parte de Fredo. O que está exposto na chamada desse texto, é a capa do EP ‘The Sad Song’. Apesar de seu nome soar meio lusitano ou espanhol, adianto que Fredo Viola é um músico inglês e que hoje mora em Woodstock, NY. A particularidade maior em torno dele é que o próprio já estudou cinema. Aliás, mais um do mesmo naipe de um David Wingo (mentor e vocalista do grupo de folk-rock Ola Podrida) a embrenhar na carreira de música depois de estudar cinema. Ou mesmo capaz de se envolver concomitantemente com as duas artes.
Por se engajar com as duas belíssimas artes, Fredo joga paisagens cinematográficas dentro de suas paisagens sonoras espalhadas em 13 faixas desse belo disco. Um álbum que sequer foi divulgada a data de lançamento oficial e tudo meio que ficou vago. Tudo soando como obscuro e arredio à mídia. E podem até entrar mais músicas ou sair outras. Fiquemos, então, com a crítica do álbum que vazou.
A abertura com ‘The Turn’ começa com barulho de pessoas numa espécie de festa, quando então, entram as inúmeras camadas de vozes de Viola para compor o eficiente e encantador cartão de visitas do músico. O término da canção é fechado com sons de gaivotas. ‘Risa’ assusta, pois com míseros 2 minutos e meio torna-se, desde já, candidata a uma das melhores músicas do ano. Efeitos e barulhos estranhos, um clima mais lúdico, até quase uma espécie de canção de acalanto sobre uma percussão requebrada formam a composição de ‘Puss’.
Com ar de soul music (muito bem composta, por sinal), ‘Let The Sad Out’ te faz pensar numa noite chuvosa, você dentro de um lugar envolto numa penumbra, esperando alguém chegar para simplesmente compartilhar esse belo momento. ‘The Original Man’ tem uma faceta mais eletrônica, com pitadas de bossa nova e até um pouco de samba. Por quê não? Uma vez que Fredo é um grande músico a provar que realmente conheceu os estilos e mudanças por qual a arte musical tem passado através dos anos.
Sons quase inaudíveis abrem ‘K Thru 6’, para, logo em seguida, aparecerem barulhos e, mais uma vez, estruturar uma peça semi-cinematográfica. Pássaros batendo asas, som de água corrente e sintetizadores criando um bloco de nuances oníricas. A alusão aos astros George Clooney e Nicolas Cage, citados na letra da canção, só vem provar a paixão do músico pela sétima arte. Por outro lado, se você pensar em Liars, Pink Floyd e um pouco da psicodelia sessentista, não se estranhe. A condensação inusitada se faz presente em ‘Ether’.
Como tudo tem uma exceção, acho que a única música a destoar do disco é ‘Hogwarts’. Meio enfadonha e desfocada em relação ao álbum todo. Além de Viola forçar a voz, diferentemente do que vinha sendo feito nas canções anteriores. Porém, é em ‘The Sad Song’ que Fredo Viola se supera com as soberbas camadas de vozes que são a tônica suprema de seu disco. Uma canção que te faz lembrar de algo do Radiohead fase ‘Kid-a’. As vozes, propriamente ditas, tomam descontrole desproporcional jogando o ouvinte numa espiral esplendorosa – e você não vai querer sair dela tão fácil.
Mais um momento divertido, com palmas, sintetizadores menos sombrios e até direito a um assovio nos instantes finais, ‘Little Guy (Morgan Lytnner)’ fecha o disco com brilho e deixa curiosidade para um posterior trabalho.
Numa produção em que mais variados expoentes musicais são aglutinados: de Igor Stravinsky até Belle And Sebastian e ainda associando nomes de peso como o Radiohead, Fredo torna-se um músico para o futuro. Para ser conhecido. Um artista que brinca com nossos campos cerebrais montando quebra-cabeças sonoros feitos para descobrir, armar, decifrar e depois para ficarmos encantados com o trabalho final.
Link para o bonito vídeo de ‘The Sad Song’:
http://www.youtube.com/watch?v=pusB1g0shsg
Para saber mais:
http://www.myspace.com/fredoviola
http://www.fredoviola.com
Nota: 8,8
Artista: Fredo Viola
Disco: The Turn
Ano: 2008
Gravadora: Because