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Com poucas audições e sem muitas pesquisas pela internet, muitos vão dizer – logo de cara - que ‘The Stand Ins’ seria uma segunda parte de ‘The Stage Names’, o petardo sonoro do ano passado. Certo. Segundo informações, o disco de 2007 seria duplo. Os texanos (de Austin) optaram por não fazer isso, e deixaram um segundo álbum para esse ano. Vale lembrar que a proposta do grupo assumida desde o ano passado foi certeira.



Proposta essa que veio junto com mudanças que apontaram para uma guinada na sonoridade que até então, o grupo vinha realizando. Adicionaram mais vigor instrumental, mais potências nos vocais experientes e seguros de Will Sheff e Jonathan Meiburg, ilustraram traços do rock tradicional americano dos anos 50/60/70, arriscaram um pouco de velocidade e visceralidade – enfim, um folk-pop saindo do convencional, atingindo um outro patamar e agradando até quem tinha ojeriza do estilo.



Até a forma de composição de ‘The Stand Ins’ merece destaque. O disco é formado como numa espécie de 3 blocos, cada um separado por uma vinheta (até mesmo como um artifício para dar fôlego ao ouvinte). Neste caso, temos três minúsculas peças musicais lindas e que entram no momento correto - até nisso eles capricham. ‘Stand Ins, One’, ‘Stand Ins, Two’ e ‘Stand Ins, Three’.



Os elementos de orquestra não faltam. Sopros e cordas em demasia. Assim como os habituais elementos de uma sonoridade folk/country/pop, a exemplo de uma viola e de um banjo. Acontece que o Okkervil dá vida a isso tudo, mistura numa poção mágica chamada ‘Lost Coastlines’ onde tudo fica bem condensado e que te deixa com vontade de tentar encontrar um lugar bucólico e distante para curtir essa obra.



Tudo é bem encaixado. O início melancólico de ‘Blue Tulip’ que ganha tons épicos em sua duração. A candura de sopros e pianos na elegância serena de ‘Starry Stairs’ e ‘On Tour With Zykos’. O não pudor de mostrar uma melodia com ar sixtie em ‘Calling And Not Calling My Ex’. O jeito de compor um rock cru, urgente e arrasa-quarteirão como em ‘Pop Lie’.



A ironia final - tanto no título, como na sonoridade – a música ‘Bruce Wayne Campbell Interviewed On The Roof Of The Chelsea Hotel, 1979’ engana o ouvinte incauto ao trazer a calma e a suavidade dos primeiros trabalhos (no início dessa década). A mais folk/acústica do álbum vai mudando por completo, se agigantando e não dando trégua para nós.



Alguém me disse que Jonathan Meiburg já não mais compartilha do Okkervil. Quer se dedicar mais ao Shearwater (projeto paralelo). Nessas horas, não penso em conjecturas, boatos ou no próprio futuro. Assim como não me importo que ‘Starry Stairs’ seja uma continuação de ‘Savannah Smiles’ (da obra de 2007). Apenas deixo o disco tocando no meu player por horas a fio com um sorriso no semblante. Seja feliz também.



Artista: Okkervil River

Disco: The Stand Ins

Ano: 2008

Gravadora: Jagjaguwar



Nota: 8,7