No início da década de 90 as coisas aconteciam rapidamente, em poucos anos Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Screaming Trees, Alice In Chains, Mudhoney e mais alguns nomes formavam o que a imprensa chamava de "Grunge", primeiro pelo rock carregado de influências que ia de Black Sabbath a Black Flag, segundo pela estética musical e visual que começava a se propagar pelo mundo.
Além das bandas acima, gravadoras como Sub Pop, produtores como Jack Endino e Butch Vig e um single chamado "Smells Like Teen Spirit" se tornariam peças fundamentais para a explosão do rock alternativo mundial, colocando Seattle como a cidade mais importante da década de 90, e isso era apenas o começo.
Porém, enquanto Nirvana e Alice In Chains perdiam seus vocalistas para a heroína, o Soundgarden e o Screaming Trees se dissolviam em projetos paralelos, restava apenas ao Pearl Jam e Mudhoney a missão de continuarem o legado que de certa forma se criou, curiosamente as duas bandas se apresentaram juntas no Brasil, do mesmo jeito que Nirvana e Alice In Chains fizeram em 1993 e da mesma forma como Soundgarden e Screaming Trees nunca pisaram aqui.
Mas no único show que aconteceu na Clash Club, o Mudhoney não seria mais a banda de abertura, seria a atração principal da noite. E foi com essa apresentação em São Paulo que centenas de fãs esgotaram os ingressos e presenciaram um dos shows mais insanos de 2007, com direito aos clássicos da banda e clássicos do punk interpretados pelo grupo!
Com um quarteto formado por Mark Arm (vocal/guitarra), Steve Turner (guitarra/vocal), Guy Maddison (baixo) e Dan Peters (bateria), o grupo mostrou faixas de diversos álbuns, desde o EP "Superfuzz Bigmuff" (88), "Piece of Cake (92), "Tomorrow Hit Today" (98) até o mais novo trabalho "Under A Billion Suns" (06), tocando durante uma hora e meia faixas como "Suck You Dry", "You Got It", "Touch I'm Sick", "Into the Drink" e "Here Comes Sickness", isso só para as composições próprias, suficientes para destruir qualquer casa de shows. Mas a vertente hardcore da banda apareceu principalmente nas covers de Black Flag (Fix Me) e The Dicks (Hate Police), ícones deste movimento.
Se existe um lugar onde o Mudhoney está confortável, este lugar é o palco. Mark Arm com seus gritos incendeia o público, enquanto Steve Turner e seus acordes deixam os ouvidos zunindo. Com tanta energia, petardos sonoros e um público mais do que fiel, o Mudhoney fez o que sempre soube fazer, um show visceral, como nos bons e velhos tempos.