- Black Holes and Revelations
- Artista:
- Formato:Álbum
- Ano:2006
- Selo:Warner
Não é o tipo de som pra ouvir "descompromissadamente", e a voz de Matthew Bellamy possui desespero e violência bastante para incomodar numa primeira audição.
"Black Holes and Revelations", lançado esse ano, não traz grandes novidades em relação aos antecessores, e talvez por isso fiquei com uma sensação um pouco amarga de não ter assistido uma quebra de paradigmas tão violenta como a do Radiohead, por exemplo, em "Kid A". Não que isso seja um requisito básico na carreira de uma banda, mas acredito que por vezes essa destruição se torna necessária para tornar novamente imprevisível uma criação artística.
A banda nesse novo álbum parece um pouco segura demais quanto as suas capacidades e ao seu som, o que me deu a impressão de não estar ouvindo algo totalmente novo. Nada disso quer dizer que o novo álbum não é bom, na verdade, é um dos melhores do Muse, e a seqüência inicial com "Take a Bow", "Starligth", "Supermassive Black Hole" e "Map of the Problematique" é primorosa. "Soldier's Poem" me lembra muito"Blackout", mas ainda prefiro a de" Absolution".
A temática no entanto é bem mais forte e política, começando pela capa, produzida pelo brilhante designer Storm Thorgerson responsável por algumas das mais memoráveis artes de álbuns, incluindo praticamente todo o trabalho gráfico do Pink Floyd. Na foto, quatro homens estão sentados em uma mesa sobre a qual estão três cavalos em miniatura. A paisagem lembra o solo marciano, o que pode extender a interpretação à última (e uma das mais obscuras) músicas do álbum, "Knigths of Cydonia". Cydonia é o nome de uma região do planeta Marte onde se encontra o famoso "rosto humano". Expecula-se que a capa faça referência aos Cavaleiros do Apocalipse citados na Bíblia, e o começo da música "Knigths of Cydonia" conta com sons de galope de cavalos seguidos de explosões e algo que lembra uma sirene de alarme.
"Take a Bow" por exemplo, traz críticas pesadas, que só posso atribuir aos comandantes supremos do universo, Mr. Bush e o cãozinho de estimação Mr. Blair:
"...Corrupt,
You corrupt,
Bring corruption to all that you touch..."
"...Pay,
You must pay,
You must pay for your crimes against the earth!..."
"...Now burn!
You will burn!
You will burn in hell, yea you'll burn in hell
for your sins..."
Em "Map of the Problematic":
"Fear, and panic in the air
I want to be free
from desolation and despair
and I feel like everything I sow
is being swept away
and I refuse to let you go..."
"Soldiers Poem":
"And do you think you deserve your freedom
No I don't think you do
There's no justice in the world..."
Talvez a mais forte de todas, em "Assassin":
"War is overdue
The time has come for you
To shoot your leaders down
Join forces underground"
Por fim, "Knigths of Cydonia":
"Come ride with me through the veils of history,
I'll show you a God falls asleep on the job,
How can we win when fools can be kings?
Don't waste your time or time will waste you..."
No todo, "Black Holes and Revelations" é mais vivo do que o antecessor "Absolution", mais brilhante. Uma evolução natural da banda, mas não uma revolução. [Por Pedro Kehl]