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Rock de garagem, jazz, dois baixos, obscuridades, vinil etc. Esses são alguns dos elementos que circulam no universo musical do Del-o-Max, banda de Campinas que acaba de lançar o álbum "Too Hard". Nesta entrevista feita por e-mail, Renato e Guilherme, os dois baixistas da banda, nos contam um pouco sobre a história, influências, composições, shows e principalmente o ponto de vista de um dos grupos mais interessantes e intensos que surgiram no país.
Confira!
MuzPlay: Como surgiu o Del-o-Max? E quais as influências de seus integrantes?
Renato: No início da década de 2000, o Subtonics (contendo o Maurício, nosso guitarrista, e eu) e o Spots (banda do Guilherme) estavam acabando. Já nos conhecíamos por conta de shows pela cena campineira, e foi só questão de combinarmos um ensaio que já surgiu a banda. Levou ainda um tempo para termos estabilidade com um baterista, mas antes disso já havíamos feito os primeiros shows e primeiras gravações com convidados. O baterista Milton foi um dos que ficou mais tempo, e com sua mudança para o Japão entrou o Alessandro, também conhecido já da cena, por conta de trabalhos no No Class e Muzzarellas.
Gui: Exatamente. não premeditamos para que fosse da maneira que é hoje em dia. Começamos com uma bateria eletrônica apenas por diversão, e apenas com esse propósito. Tínhamos em mente nos divertir, nos divertir e nos divertir. Eu particularmente estava de saco cheio com minha antiga banda e o fato de ter que correr atrás de tudo, compor, gravar, mixar, divulgar, responder carta, tocar, cantar.. Então no começo tínhamos o propósito de não nos preocuparmos muito com resultados..e deu no que deu. Hoje em dia o Ale é o baterista perfeito pra gente e eu mesmo já vejo a banda com outros olhos. mas a diversão é o que mais importa.
Renato: A respeito das influências dos integrantes, essas são diversas, e nem sempre refletem no som da banda. O que temos em comum é o gosto por bandas que estiveram à frente de seu tempo, seja em que época for, sobretudo, se estas optam pela simplicidade. Eu particularmente ouço muita música negra norte e centro americana (soul, jazz, ska), os equivalentes europeus destes gêneros e bandas obscuras de rock de garagem, bem como seus revivalistas.
Gui: Pois é, costumo ouvir muita coisa diferente entre si, dando preferência para bandas que possuem sonoridades mais cruas e rudes do início do rock, o que reflete bastante na minha maneira de compor e tocar. Já tive fases bem mais abstratas, o que me importava era o barulho e o volume das guitarras. Embora hoje em dia eu esteja com um dos pés completamente enfiado na musica eletrônica, consigo separar bem as coisas, utilizando isso tudo apenas para enriquecer meus conceitos.
MuzPlay: O rock garageiro sempre esteve presente em seus registros, desde músicas mais cruas até aquelas onde há referências de melodia pop. Como vocês trabalham nas composições da banda? E porque um espaço tão grande entre um lançamento e outro?
Renato: De fato o rock garageiro está presente, pois ele é basicamente a essência do rock. Não que não existissem bandas de rock antes da era da garagem, mas o rock de garagem trouxe ao adolescente a possibilidade de tocar uma guitarra com fuzz, descarregar suas frustrações, exacerbar suas celebrações etc. Acho que nos identificamos mais com isso que com bandas distantes, que vivem no mundo do rádio, TV, revistas etc, mas que se afastam da "vida real". Sobre as composições da banda, estas surgem de riffs que alguém apresenta em um ensaio, que com a contribuição de cada um vai tomando forma. Do nada já aparece alguma letra e depois é mais questão de ir quebrando a cabeça mesmo com o papel de cada um. Com os dois baixos que é necessário um cuidado especial, para cada um ter seu papel único na música (não é um instrumento tão simples de se trabalhar em dupla). Sobre o espaço grande entre um lançamento e outro isto ocorre, pois gravamos simplesmente quando achamos que tudo que será gravado irá certamente no agradar. E isso exige dedicação.
Gui: Traduzindo.. Do nada significa da minha cabeça!! rsrsrsrs. costumo escrever bastante sobre meu dia a dia e arquivar, puxando as letras de volta conforme surgem as músicas que combinam com os climas dos textos. As músicas sempre tomam forma nos ensaios, porém, chegam sem recheio, é ai que entra o trabalho em conjunto, criando arranjos, preenchendo lacunas, às vezes refazendo toda a idéia inicial. Normalmente o resultado final é completamente diferente do que imaginávamos quando criamos o riff. Realmente trabalhar com dois baixos na banda não é uma coisa fácil de fazer, exige dedicação e tempo para encaixar os arranjos sem se tornar repetitivo ou supérfluo. Pra ajudar, ninguém aqui vive de musica, e todos temos contas a pagar, portanto temos que trabalhar paralelamente as atividades da banda para pagarmos nossas contas, comprar nossos instrumentos e às vezes ate arrumar grana pra viajar e tocar, talvez esteja ai uma parte da resposta para a questão do tempo entre um lançamento e outro ser tão longo. Com certeza quando a banda conseguir sustentar a vida de todo mundo envolvido nela, teremos mais tempo para nos dedicar as novas composições tornando o espaço entre um lançamento e outro bem mais curto.
MuzPlay: Como surgiu a idéia de dois baixistas na banda?
Renato: Não houve um planejamento para que isso acontecesse. Simplesmente resolvemos testar e funcionou. O que contribui muito para isso dar certo é o fato do Guilherme sempre buscar sonoridades diferentes para o baixo, jeito diferente de tocar, empréstimo de técnicas de outros instrumentos etc. Por outro lado, eu busco o radical oposto na hora de tocar. Gosto de baixistas como os que trabalharam na Motown e Stax, que tocam rigorosamente com o bumbo da bateria, embora tenham também nas pegadas cheias de Jean-Jacques Burnel (Stranglers) e John Entwistle (Who) alguma inspiração. Daí como cada um busca um papel diferente para o instrumento não há conflito, ocorrendo justamente o contrário, que é uma soma às vezes até sinérgica (do tipo 2 + 2 = 5).
MuzPlay: Vocês já dividiram o palco com o o The Eternals e Teenage Fanclub. Como foram essas apresentações e qual a expectativa de vocês em relação a estes grupos?
Renato: Com os Eternals foi realmente uma surpresa, pois tudo ocorreu bastante rápido. Acho que eles marcam bem o momento de fusão do post rock com alguma coisa do hip hop abstrato, tendência que outros artistas levaram e levam ainda adiante, e foi legal ver isto acontecendo ao vivo e bem na época em que isto estava acontecendo.
Gui: Na época eu nem conhecia o som dos caras, mas sabia da fama que estavam conseguindo. Nós estávamos apenas começando a banda. Hoje em dia sou fã deles e me orgulho de ter começado a banda dividindo palco com esses doidos.
Renato: Com o Teenage Fanclub, por outro lado, já foi um processo que teve mais tempo para "cair a ficha", e que ficamos bem ansiosos por gostarmos da banda. E felizmente deu tudo certo. Nosso show de abertura foi bom, conseguimos atingir um público legal em função disso, e os caras do TFC não nos decepcionaram como pessoas (foram extremamente gente-fina, até pararam a passagem de som para nos cumprimentar quando estávamos chegando ao Sesc), e o show deles foi também bem interessante. Conseguem fazer músicas bonitas, mas sem perder o clima de um show ao vivo. Certamente ambas as experiências foram bem gratificantes.
Gui: Dividir o palco com uma das bandas mais respeitadas da cena indie atual foi uma experiência e tanto. Na época eu ouvia bastante o som dos caras o que fez a experiência ser mais gratificante ainda. São pessoas excepcionais. Profissionais acima de tudo. Foi um aprendizado. Embora hoje em dia não me identifique tanto com o som deles, respeito muito o que fazem e a maneira como criaram uma identidade própria. Sou muito feliz por ter participado desse show.
MuzPlay: Recentemente vocês tocaram no festival Bananada, um dos maiores festivais de música independente do país. Como vocês se relacionam com esse mercado independente (gravadoras, bandas, divulgação)?
Renato: Acho que a expressão "mercado independente" diz tudo. Tivemos a sorte de perceber cedo que fazermos as nossas atividades por esforço e mérito próprio funcionava muito melhor do que esperar que alguém as fizesse por nós. Assim, conseguimos crescer como banda apenas mexendo com uma boa divulgação do nosso trabalho e com um esforço para fazermos bons shows. Assim, fomos conseguindo nosso "lugar ao sol", e atraindo pessoas legais para perto de nós, que puderam ajudar bastante, mas tudo em função do nosso som, e não por ficarmos "fazendo lobby" por aí. Acho que todos nós nos sentimos bem felizes por sermos uma banda honesta, de nos relacionarmos bem com o meio simplesmente por conseguirmos mostrar que estamos aqui para fazer boa música.
Gui: O Bananada foi incrível. A viagem mais divertida que a banda já fez. Ótimo show de nossa parte, organização impecável, pessoal gente finíssima. Espero que continuem se interessando pela nossa música, e que possamos voltar mais vezes. Enquanto isso não acontece, vamos seguindo nosso caminho.
MuzPlay: Vocês disponibilizaram todas as músicas na internet. Qual a posição da banda em relação a internet e direitos autorais? E como vocês enxergam a distribuição de música no futuro?
Renato: Eu acho que a Internet dá uma democratizada na música. Na época em que as lojas de CDs ainda dominavam você era obrigado a ouvir o que tinha na prateleira, pois não havia muita escolha. O disco chegava até você só se ele fizesse algum sucesso, e isso nem sempre está atrelado ao talento. Hoje, com toda música do mundo ao seu dispor você tem como ir atrás de algo simplesmente por te interessar, independente do sucesso que isso faça. Fica o disco de sucessos do U2 e a coletânea de bandas de garagem da Turquia na mesma prateleira e você escolhe qual delas pegar, independentemente do que o mercado te impõe. Assim, vemos com certa simpatia essa idéia da música estar para todos, e certamente é possível para o artista conseguir retorno. Basta aceitar que é assim o mundo da música hoje e buscar alternativas, já sabendo que isso é algo que não vai mudar. É um pouco do que esperamos com o disco de vinil. Com ele não estaremos apenas vendendo música, mas sim um objeto colecionável, que durará provavelmente a vida toda. É difícil dizer, mas sentimos como se a música ficasse mais "palpável" no vinil.
Gui: Eu acho que cada um tem direito de fazer o que bem entender com sua música. Tem gente que teme a internet e briga na justiça para que suas músicas não sejam distribuídas livremente. Eu particularmente vejo a coisa de outra maneira. Quem quiser gravar e piratear vai fazer isso com ou sem internet. Já fazíamos isso desde a época do K7! A diferença é que agora as proporções são devastadoras. Melhor ainda! Pois mais gente conhece nosso som e quem quiser comprar o disco vai comprar da mesma maneira. Quem não quiser por outro lado ainda tem a oportunidade de conhecer as músicas, isso é ótimo! Ninguém precisa ser escravo da indústria de discos para conhecer e gostar (ou não) de música. Acho que essa é uma tendência mundial que dará mais liberdade aos artistas além de chances iguais para todos, virando os holofotes para pessoas reais e não grandes empresas, tornando a música mais pessoal e menos industrial, derrubando "jabás" e colocando no seu ouvido apenas o que você realmente quer ouvir, esteja o artista no seu quarteirão ou do outro lado do mundo. No Brasil sabemos muito bem o que é não ter acesso a discos. E Isso felizmente acabou graças a Internet.
MuzPlay: No palco o Del-o-Max tem uma sonoridade mais potente que em estúdio. Nesse novo trabalho que será lançado vocês conseguiram um resultado mais próximo do som ao vivo da banda? Como foi o trabalho em estúdio?
Renato: Resolvemos investir em um estúdio bem equipado justamente para conseguirmos em estúdio aquilo que fazemos ao vivo, fato que não estávamos conseguindo captar com as gravações mais antigas (caseiras e feitas por nós mesmos). Fechamos um pacote de 50 horas e simplesmente tocamos as músicas ao vivo tais como elas são. Procuramos obter o máximo da sonoridade natural de cada instrumento, tanto é que o disco tem pouquíssimos efeitos. Apenas alguma coisa de compressão, textura e eventual reverberação artificial (no geral, optamos pela reverberação natural, possível de ser captada no estúdio). Não usamos metrônomo, não gravamos cada instrumento por vez etc. "Too Hard" é em 90% o Del-o-Max tocando ao vivo, e os 10% restantes são apenas complementos impossíveis de serem feitos em tempo real, como adição de órgão, camadas extras de backing vocal etc.
MuzPlay: O novo trabalho "Too Hard" será lançado apenas em vinil. Qual o motivo da escolha desse formato?
Renato: Todos da banda cresceram adquirindo boa parte da cultura musical em sebos. Bem aquilo de tirar o sábado de manhã para ir procurar discos e passar a tarde ouvindo o recheio da sacola. Assim, é algo que fez parte da nossa formação musical e que iríamos ficar muito felizes em nos ver sendo capazes de também termos nosso LP. O timbre do disco também acaba complementando a sonoridade vintage da banda (ouvindo no vinil parece que o disco fica mais "atemporal"). O fato do LP estar cada vez mais se tornando um item de coleção, apenas para as pessoas que mais se preocupam mesmo com a música, também é um atrativo. As vitrolas estão em desuso, mas a maioria das pessoas que realmente se interessa por música tem uma em casa e ainda compra discos.
Gui: Realmente, foi uma escolha mais para satisfação própria do que comercial, já que não venderemos milhões, que os poucos vendidos sejam em vinil! Eu mesmo não compro CDs há muitos anos! Por que lançar nosso material em uma mídia que eu não acredito? Quem quiser CD pode perfeitamente baixar o som e gravar suas próprias cópias. aproveita e grava para os amigos também! Agora quem quiser ter um item a mais na sua coleção, vai ter um trabalho de primeira qualidade, com capa grande, charmoso e que vai durar a vida toda.
MuzPlay: Ainda falando em vinil, aqui no Brasil outras bandas tem optado por esse material, e na Europa os lançamentos em vinil são constantes. Vocês acreditam em um revival do vinil? Ou melhor, acreditam que o CD esteja com os dias contados?
Renato: Eu particularmente vejo o CD mais como um meio de transporte para a música. É basicamente um porta-arquivos, tal como é ter um mp3 no computador, um i-pod, um link com streaming da música etc. E a verdade é que o mp3 é bem mais prático. Em uma única mídia você coloca a discografia quase completa de um artista. Eu mesmo passei boa parte dos meus CDs para mp3, por ser um meio de armazenamento bem mais eficaz.
Por outro lado, o vinil é bem menos prático que o CD, mas há o "charme vintage" do produto, bem como o fato de que ele pode durar bem mais. Em casa tenho vinis bastante antigos e que funcionam perfeitamente. Já meus primeiros CDs já estão amarelados, pulando faixas etc. Alguns já estou ouvindo a partir da cópia, por conta dos originais já não estarem muito confiáveis.
Assim, acredito bastante no mp3 e em seus sucessores (por conta da qualidade e praticidade), mas não acredito em uma volta do vinil. Mas acredito em sua constância e no valor colecionável de um bom disco.
Gui: Eu acredito sim que o CD para comercialização de música esteja com os dias contados. Como já disse, eu mesmo não compro CDs faz muito tempo. Ao mesmo tempo não acredito na volta massiva do Vinil, seria inviável, mas acho que é uma tendência que esta crescendo na mão das pessoas que curtem musica como objeto de coleção, diferente do CD que foi apenas um objeto de transição para o MP3 e futuros formatos, acredito que a produção de vinis tende a crescer e se estabilizar enquanto outros formatos surgirão para substituir o CD.
MuzPlay: O Del-o-Max traz um estética baseada nos anos 50/60, desde o nome do grupo até a recente capa do último álbum. Isso gerou um convite para vocês participarem da exposição Radio-o-Max explorando essa influência estética na sonoridade da banda. Como foi a participação nesta exposição? E como é trabalhar com uma estética de quatro, cinco décadas atrás nos dias atuais?
Renato: Na verdade, a exposição não surgiu de um convite, mas sim de uma proposta nossa. É que sempre tivemos uma estética que conseguíamos associar à banda em cartazes, capas de discos etc, mas que era muito difícil de trazer ao palco. A exposição foi uma maneira que encontramos de associar o som com a imagem, para mostrar todo o conceito Del-O-Max, não apenas seu som, ou apenas sua imagem. Acredito que mesmo sendo itens estéticos de 40 ou 50 anos atrás, novas releituras sempre são possíveis, e acho que é um pouco isso que fazemos. Sabemos que estamos em 2007, e é com a óptica de 2007 que vimos estes itens mais antigos. E por um outro lado, existem coisas atuais que não nos agradam, como essa idéia de "grande banda nova da última semana", e assim, preferimos nos prender a algo garantidamente duradouro a tentar viver de acordo com a efemeridade atual.
Gui: A outra parte da história é, sempre produzimos muita imagem. Aliadas a estética da banda essa produção cresceu, e outras pessoas começaram a produzir em conjunto pelo mesmo objetivo. Precisávamos dar vazão a esse material, mostrar tudo isso junto com a sonoridade da banda, que embora seja influenciada por uma estética de 50 anos atrás tinha uma releitura atual. Foi um prazer enorme poder trabalhar em conjunto música e imagem. Como fotógrafo, espero poder realizar esse tipo de trabalho mais vezes, a recepção do público também foi ótima.
MuzPlay: Vocês são de Campinas, cidade que sempre contou com excelentes bandas, desde a época do histórico Juntatribo. Como está a cena musical da cidade hoje?
Renato: Temos poucas bandas em Campinas, embora praticamente toda semana tenha algum show underground na cidade. O Alessandro está com um projeto interessante na TV, que é o programa Valvulado, que procura acompanhar o que vem acontecendo por aqui.Mas acho delicado usar a palavra "cena" para descrever as bandas underground de Campinas. Para mim cena é quando há uma grande efervescência em um local, buscando um ideal comum, tal como Manchester em 89, Seattle em 1993, Califórnia em 1962, Londres em 1964 etc, que são cenas onde você consegue já imaginar o som, a arte etc, sem mesmo conhecer a banda. Em Campinas temos bandas procurando fazer seu som, algumas melhores, outras piores, outras amigas, outras não etc. Acho bem válido todas elas lutarem por um espaço cada vez melhor, mas para chamar o que ocorre lá de cena é complicado.
Gui: Campinas sofre da precariedade que toda cidade do interior sofre. Isso é muito difícil de mudar. Nunca teremos uma cena de proporções das que o Renato citou. Aqui as pessoas estão interessadas em Sertanejo, Festa de Peão e essas coisas de interior, então, todo movimento contra a essa massa infelizmente esta destinado a morrer na praia. Aliás, penso que acontece o mesmo em toda parte do Brasil, cultura de massa. Temos que ser batalhadores ao extremo apenas para nos manter precariamente e não desaparecer no meio da multidão que não esta nem ai para você. Infelizmente é assim. Se existem bandas boas? Sim, claro! Assim como bandas ruins. O problema é que muitas delas ficam se debatendo até o fim sem nem ao menos ter um lugar decente para ensaiar e se apresentar, é uma coisa bizarra, mas acontece muito, infelizmente. Tomando o Juntatribo como parâmetro (pois foi o ultimo grande movimento nacionalmente reconhecido a favor do rock em Campinas) as coisas decaíram muito após o segundo e último evento e chegaram no seu limite no início dos anos 2000, quando não tínhamos locais para shows, nem ensaio, nem produtores e as poucas bandas remanescentes estavam terminando. Mas tudo isso melhorou muito de uns anos pra cá, hoje em dia temos um ou dois lugares fixos para apresentações e alguns estúdios para ensaio, além da iniciativa pública estar começando a se tocar e a ceder espaço para projetos voltados a cultura alternativa, mas longe, bem longe de ser ideal. O que vale é a simples criatividade das bandas para não deixarem a peteca cair e seguir em frente.
MuzPlay: Quais os planos para o futuro?
Renato: Trabalhar da divulgação do LP, continuarmos fazendo boa música, tocar em festivais (é uma das coisas mais divertidas para se fazer, e que leva tanto a trocas interessantes, quanto é uma ótima chance de simplesmente conhecer pessoas legais e que compartilham gostos e que podem acrescentar bastante) etc. Creio que continuaremos com nossos "trabalhos normais", onde também temos conseguido coisas legais, mas sempre nos dedicando bastante à música e à banda, e nunca deixando de produzir algo novo.
Gui: A princípio divulgar o LP e tocar muito. Isso é o que me interessa no momento. Depois trabalhar novas composições e começar tudo de novo. Rock!
Site oficial: www.del-o-max.com.br
www.myspace.com/delomax
Por Adriano Moralis
Fotos: Gui Galembeck, Mariana Whitaker, Gabriela Galembeck e Eugênio Vieira