Nos últimos meses, o rock teve um considerável crescimento comercial na Inglaterra. Alavancadas pelos White Stripes e o inacreditável Darkness, aumentaram as vendas de discos, revistas e até de guitarras e amplificadores na Grã Bretanha. Esse é um território fértil para o surgimento de novos hypes. Um deles é o Franz Ferdinand, quarteto de Glasgow, na Escócia. Antes mesmo de lançar seu álbum de estréia, o single “Take Me Out” já chegava ao segundo lugar na parada inglesa. O semanário New Musical Express anunciou: “Essa banda vai mudar a sua vida”. Será?
Franz Ferdinand, o álbum, contou com a ajuda do produtor Tor Johannsen (que também trabalha com os Cardigans) e chegou a ser aclamado como “o disco que os Strokes deviam ter lançado no lugar de Room on Fire”. O som é realmente similar ao das novas bandas americanas, com referências aos anos 80 e ao pós-punk. Alguns chamam de art-rock. Bobagem. O que define mesmo o Franz Ferdinand é a história que o vocalista Alex Kapranos gosta de contar: “Formamos a banda para tocar músicas que façam as meninas dançarem”. Junto com Bob Hardy (baixo), Nick McCarthy (bateria) e Paul Thomson (guitarra), ele canta sobre paixões e prazeres enquanto a banda dá duro para que o ouvinte balance o esqueleto.
O começo é arrasador, com “Jaqueline”. Esta mais o hit “Take me Out” e “Michael” são as três faixas mais eficazes para provocar catarses nas pistas de dança. O que não significa que as outras também não sejam boas. “Cheating on You” e “Tell her Tonight” são irresistíveis em sua simplicidade e ironia. Algumas, como “Darts of Pleasure” (o primeiro single) e “Matinee” (o próximo single), são quase canções de amor. “Come on home / but don’t forget to leave”, Alex canta em “Come on Home”.
À primeira vista parece um som desleixado, mas a produção é bem feita e as melodias bem trabalhadas. É, aliás, uma marca desse novo rock, a produção “artesanal” e cuidadosa, diferenciando-se das superproduções medonhas, tipo Linkin Park e Evanescence. Com seus cabelos cuidadosamente desarrumados e suas canções simpáticas, o Franz Ferdinand tem tudo (exageros do hype à parte) para entrar no primeiro time do novo rock.