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Chevelle - Wonder What's Next

Finalmente aqui vos entrego a conclusão da saga, já estava pensando que o "Chinese Democracy" seriado concluído antes. Até onde sei os discos relacionados não tem edição nacional, com exceção do Chevelle. As bandas em questão são uma dor de cabeça para os rotuladores de plantão, dizer que são metal, nu-metal, emo, scremo, ou qualquer outro rótulo é sinônimo de desconhecimento da matéria e/ou no mínimo forçar a barra. Se quiserem podem ao menos jogar no balaio do "rock alternativo". Eu digo apenas que é Rock. Quem foi mesmo o imbecil que disse que ela tava morto?


Banda: Chevelle
Disco: Wonder What's Next

A banda de Chicago formada por três irmãos é um exemplo de boa banda que vem do underground pra em seguida despontar no mainstream sem se vender, pelo menos até agora. Em 1999 o trio lançou o primeiro álbum, o ótimo "Point #1", produzido por Steve Albini e vendeu apenas 100.000 cópias. Após sair em turnê abrindo para bandas como Type O Negative e Powerman 5000, participou do Ozzfest edição 2002 no segundo palco. Ao que parece o Ozzfest serviu como vitrine, a banda assinou com a Epic, selo da Sony Music, retornando ao Ozzfest no ano seguinte, dessa vez entre as atração principal.

"Wonder What's Next" foi puxado pelas faixas "The Red" e "Send the pain below", essa última trazendo ecos de Deftones na melodia e riffs. Mas essa comparação fica por essa faixa, o resultado do som do trio é bem peculiar, soando diferente até mesmo do debute da banda. O baterista Sam Loeffler explica que o processo de gravação foi bem diferente do empregado por Albini, conhecido pelo gosto de gravar tudo em primeiro take na tentativa de soar o mais espontâneo possível. Nesse segundo trabalho Sam disse que tiveram mais cuidados em corrigir imperfeições até as cancões ficarem exatamente como a banda queria.
O resultado foram 11 belas canções desfiando angústia e inconformismo tal como em "Comfortable Liar", "Family System" e a faixa título, onde com sarcasmo dizem: "I wonder what's next...nothing".

Banda: Nonpoint
Disco: Development

Essa banda nativa da Florida, mas com raízes em Porto Rico, foi a protagonista da maior supresa que já tive em termos de show. Apesar da banda estar abrindo pro Papa Roach, não é exagero dizer que tinha mais gente com camisa deles do que da atração principal. Ao vivo a banda é incrivelmente coesa, a bateria perfeita e inspirada, vocalista excepcional e carismático contando com todo o público na mão, quase não acreditei no que estava vendo e presenciei um dos melhores shows da minha vida.
Impossível não contagiar-se com a energia de como todo show de rock, ou não, deveria ser. No dia seguinte comprei os dois cds disponíveis e o DVD.

"Your Signs" comeca com um levada meio reggae enganando um ouvinte mais desavisado e traz um dos refrões mais "felizes" que ouvi nos últimos tempos, "Your signs are pointing to nowhere / That's exaclty where I won't go" ficou ecoando por muitos dias na minha cabeça, junto com a imagem do vocalista Elias Soriano e seus dreadlocks rodeando por braços levantados e Crowd Surfing e stage diving por todo lado. Outras faixas que merecem destaque: "Mountains", "Circles" e a faixa-título.

Banda: The Apex Theory
Disco: Topsy-Turvy

Tudo, ou quase, que é bom dura pouco. O chavão aplica-se também para essa banda formada em 1999 em Los Angeles. Não que ela tenha exatamente acabado, mas o vocalista e principal letrista Andy Khachaturian saiu da banda em 2001, após o quarteto fazer parte da trupe do Ozzfest do ano em questão, tendo lançado apenas um EP e seu full lenght debut Topsy-Turvy com suas 12 faixas irretocáveis. Rotular a banda é impossível, mas aproximam-se do System of a Down, é rock com forte influência mediterrânea e do oriente médio, já que três dos integrantes(ou ex, já que o vocalista era um deles) são de origem armênia, somado ao que absorveram durante a adolecência, indo do Heavy Metal e Pop até clássico e Jazz. A comparação com System of a Down é inevitável, mas logo nota-se que a descendência em comum não levou ao mesmo caminho exatamente. Alcançaram o quase hit "Shhh...(hope diggy)", com seu quase impronunciável e sem sentido, mas ultra contagiante, refrão "Hope diggy da/Shhh Di-iggy da/Ras ti dante". Sobre a música que abre o disco, "Add mission", O ex-líder explica(ou pelo menos tenta) "Nós lutamos duramente pra chegar até esse ponto, a História sempre teve mais lados que um. Nosso lado é o da persistência, da força e acreditar que há um lado positivo na raça humana". Mas com a mesma ironia que permeia toda o trabalho a letra diz: "Same stories have been played out for ages/for saying our side, our version or choice/cameras capture/numerous nights of romance...pass on, null the essence/the undying patience/we're here for good". E o sarcasmo continua em "Come forth", com todo seu arranjo "exótico": "thanks for nothing/i have waited/comfort is arriving now". A guitarra de introdução de "Bullshed" é hipnotizante, no que silência e irrompe em outra direção longo em seguida, para reaparecer em outro arranjo na faixa seguinte, "That's all!".

A banda ainda encontra-se em processo de audição em busca de um novo vocalista, encontrar alguém com o talento e carisma de Andy Khachaturian não está sendo fácil.

Banda: The Used
Disco: The Used

Ao ouvir falar a primeira vez sobre o The Used, nunca imaginei que a banda seria responsável por um dos melhores discos de 2002. Afinal, tudo que sabia era que o vocalista Bert McCracken era namoradinho da insuportável Kelly Osbourne, após ver um episódio do The Osbournes em que ele participava(aquele em que ele se embriaga com o Jack) então tudo piorou, cheguei a conclusão óbvia que tamanho imbecil não poderia ter uma banda de verdade e que tudo era jogada para promovê-lo a versão masculina da Avril Lavigne. Ledo engano! Peguei emprestado o CD sem muitas expectativas, achando que passaria faixa por faixa após os primeiros segundos de audição. Porém, para minha surpresa, não só ouvi o CD do começo ao final, como ele ficou no meu MD player por várias semanas, coisa raríssima de ocorrer.

"Maybe Memories" abre o disco com estilo, o vocal intenso e quase "emo" é de emocinar. Os hits "Buried Myself Alive" e "The Taste of Ink" redondinhos pra tocar em rádio rock e MTV, mas não cansam mesmo se ouvidos quase a exaustão. Baladinhas deprês como "On my own" e "Blue and Yellow" onde canta "should've done something but I've done it enough / by the way your hands were shaking / rather waste some time with you" servem pra mostrar sua sensibilidade.

Banda: 30 Seconds to mars
Disco: 30 Seconds to mars

Se por acaso alguém perguntar uma indicação de banda interessante que tenha surgido nos últimos anos, essa banda do sul da California é a primeira que surgirá na minha cabeça. Seu auto-entitulado primeiro álbum é, de longe, a melhor coisa que ouvi nos últimos tempos. Gravado em um armazém desativado numa propriedade gigantesca no remoto estado americano de Wyoming, a banda fez um álbum temático sem precedentes. Mesmo antes do álbum ser lançado, as expectativas eram tão gigantescas que foram convidados pelo já então campeão de vendagem Puddle of Mudd para uma turnê de dois meses, sem ter ainda o álbum lançado ou nem mesmo música tocando em rádio.
Toda promessa não foi em vão, o álbum homônimo é um cataclisma de rock progressivo com pitadas de industrial e mais uma pá de referências e experimentalismo. Por isso mesmo de difícil digestão para quem busca o óbvio ou simplicidade pop(sem ofensa), "Capricorn(A brand new name)" chegou a ser bem executada nas rádios rock por algumas semanas, mas o restante do álbum e sua falta de padrões impediram que alcançassem êxito comercial. Azar de quem não ouviu "Echelon" e seus versos "Look at the red red changes in the sky / Look at the separation in the border line / But don't look at everything here inside / And be afraid, afraid to speak your mind" ou a apocalíptica "End Of The Beginning" e sua quase prece "Can you feel it? / Things are changing / Can you see it? / Watch as the worlds colliding / Collide into themselves...Another time, another place / Some paradigm has shunned the race". 30 Seconds to Mars é a música perfeita de um novo Milênio, e se não é, deveria ser.

[Mission accomplished.]