Primeiramente, queria avisar que começo aqui a minha análise de alguns discos que já ouvi em 2008. Álbuns desse ano mesmo. Espero que vocês possam sempre comentar e dar a avaliação e sugestão de vocês. Assim como darei continuidade em comentar análises de filmes, fatos sobre a música e o cinema atuais e também quero expor algo de literatura, dentro de uma possibilidade futura.
These New Puritans - 'Beat Pyramid' (2008)
A banda These New Puritans não é para ser levada a sério. Ou é? Eu consegui cumprir as duas tarefas sem hesitar. Os dois lados da emoção. Ao mesmo tempo em que penso que o grupo britânico pode ser efêmero - tipo aqueles que lançam apenas um disco; penso que os Puritanos são ótimos músicos e que têm cacife para realizar trabalhos vindouros.
Um grupo que se dá ao direito de compor uma música citando números (e não são os alemães do Kraftwerk), e isso no meio de guitarras entre samplers, batidas dançantes, sobre um rock vertiginoso e urgente, com vocais delirantes e frases nonsenses? Tudo sem soar banal? Confira então ‘Numerology (Aka Numbers)’.
Em 35 minutos de audição, as influências e semelhanças com medalhões que a música internacional já produziu são das mais variadas. Não teria vergonha nenhuma de assumir que ‘Swords Of Truth’ me fez lembrar de um Dead Kennedys em início de carreira, com um Jello Biafra novinho e com bastante fôlego para realizar suas estripulias vocais. Ao mesmo tempo, você pode pensar como uma música que figuraria tranqüilamente num repertório do Pixies ou de uma banda punk antiga como o New York Dolls. E assim como há ritmo frenético solto pelo disco, encontramos pequenas, porém belas peças instrumentais quase beirando à melancolia, a exemplo de ‘Doppleganger’.
A ligeira ‘C. 16th’ parece coisa tirada de um vinil de alguma banda punk que você escutava nos anos 70/80 - só não consegui lembrar qual neste exato momento. Fico imaginando como ninguém tinha tido uma idéia tão boba, porém tão brilhante como aquele início de ‘En Papier’. Uma batida que te faz ficar batendo os pés mesmo em pleno escritório de trabalho junto com a entrada de riffs potentes e intermitentes de guitarras (pensaram em Gang of Four?). Podem dar repeat. É permitido. Um clima sombrio passa a tomar conta quando ouvimos ‘Infinity Ytinifni’. Baterias tribais e soturnas se digladiam com samplers esquizofrênicos para então explodir em repetições ao longo da canção. Pós-punk-eletro-esquizo-moderno? Ok, realmente não sei identificar ou rotular e inventei isso agora.
A irônica ‘Elvis’ tem um instrumental poderoso, e se segura com seu belo e grudento refrão. Inclusive, uma das melhores do disco – tanto que foi um dos singles da banda. ‘Mkk3’ tem uma guitarra crua e batida requebrada, apesar de soar como uma das mais calmas da produção. ‘Navigate-Colours’ assume uma faceta mais electro-rock, com muitos samplers envolvidos, camadas de vocais com efeitos e cheia de barulhos estranhos (um bom fone de ouvido te faz perceber mais detalhes ainda).
Há uma ou outra música espalhada pelo disco que deixa o vigor cair. Em contrapartida, não tira o brilho de um disco que teima em fazer nada de novo ou original, muito pelo contrário, quer te fazer chacoalhar os pés, te fazer lembrar de discos que você ouvia desde pequeno. Punks, pós-punks e até mesmo populares. Buzzcocks, Gang Of Four, Wire, Television, The Feelies, Suicide, The Three Johns, Beat Happening, The Fall. Não importa. Tudo entra como ingrediente calibrado e preciso na energia fluente e marcante desses novos puritanos.
Banda: These New Puritans
Disco: Beat Pyramid
Ano: 2008
Gravadora: Phantom Sound & Vision
Nota: 8,5