
Os delicados dedilhados harmoniosos de guitarra que abrem o début dos canadenses do Airfields são o prenúncio de que o grupo não abandonou a fórmula que vinha seguindo em seus lançamentos anteriores (singles e EP's). Um conforto para os fãs de primeiro momento, que poderiam ter dúvidas quanto ao rumo que o grupo seguiria, já que em “Yr So Wonderful”, seu último single, a predominância era de canções mais aceleradas com guitarras distorcidas, em associação direta ao My Bloody Valentine e The Primitives. Por sinal, todas as canções desse single estão presentes no álbum.
Fácil de descrever, a música do Airfields parece querer capturar o clima de uma época e trazê-lo de volta para esses dias. Cheira a nostalgia, a naftalina. Remete diretamente à cena inglesa do final dos anos 80 e início dos 90. Engloba desde os dedilhados melodiosos do jangle-pop (“Prisoners of Love”, “Rocket Flare”), com a doçura do twee-pop e toques de Smiths (“Icing Sugar”, “The Long Way Home”, “St. Monday”) e mais a distorção com embrulho pop e vocais lânguidos (“I Never See You Smile”, “Yr So Wonderful” e “Love Tariffs”). Não estranhem portanto comparações com Bodines, The Sea Urchins, Primal Scream (fase “Sonic Flower Groove), Wedding Present, The Wake, Field Mice e outras tantas bandas da Sarah Records ou englobadas na Class of 86.
A releitura é fácil de gostar. Os rapazes não só fizeram o dever de casa direitinho como já se mostram capazes de ensinar a muitas outras bandas contemporâneas como se faz legítimas canções pop viciantes, com refrão ganchudo e melodias agradáveis já numa primeira audição. A fórmula funciona bem nas onze faixas, criando o túnel do tempo para uns vinte anos atrás.
Ao lado dos americanos do Math and The Phisics Club e dos brasileiros do Postal Blue, o Airfields é uma das bandas mais interessantes a explorar esse universo musical. Mais personalidade e ousadia, qualidades tão raras em 99% das bandas atuais, não fariam nenhum mal.
Melhores Momentos: “Prisoners of Love”, “Icing Sugar” e “Happy and Safe”.
NOTA: 7,8