Exatamente há um ano atrás, pelos documentos antigos de meu computador, constatei que havia feito uma resenha desta banda. The Lodger UK. Sim, porque tem tanto The Lodger para nome de banda que é imprescindível usarmos a abreviatura do país para não nos confundirmos. Com uma idéia igual ao Liars, praticamente resolveram lançar dois discos num espaço de 1 ano. Em 2007, lançaram ‘Grown-ups’.
A banda é de Leeds. Continua fazendo o som rápido, com guitarras urgentes, bem típicos de ícones musicais dos 80/90, a exemplo de The Wedding Present e Talulah Gosh. E, por ironia, no texto antigo, eu dizia para o grupo fazer um disco menor em quantidade de canções, com músicas mais trabalhadas. Será que Ben Siddall e sua turma leram meu texto? Claro que não. Entretanto, por coincidência, se existiam 14 canções em 2007, agora temos 11. Isso em pouco menos de 40 minutos (mesmo tempo que em 2007, porém, as canções em ‘Life Is Sweet’ estão com melhor distribuição do tempo usada). Um disco curto com não mais que 12 músicas é o que eu admiro na atualidade.
O peso do The Lodger continua. O jeito de fazer melodias grudentas também. ‘My Finest Hour’ é uma gratificante abertura e tem de tudo para deixar o ouvinte sem apertar a tecla stop. Bateria e baixo estão mais comportados, porém mostram-se ainda incisivos e acentuados como em ‘The Good Old Days’ e ‘Running Low’. Os dedilhados estão se sobressaindo melhor. As cordas de ‘Falling Down’ e ‘A Hero’s Welcome’ encantam até o mais insensível dos mortais. O grupo deu uma roupagem pop mais fácil de digerir, com um instrumental mais límpido e cristalizado. Em algumas situações, os instrumentos estão mais delineados e rebuscados, por vezes trazendo um sentimento de melancolia como em ‘An Unwelcome Guest’ e ‘Famous Last Words’.
Aqui, há espaços para canções menos virulentas, buscando a linha das bandas do saudoso C-86 ou até mesmo imitando o pop cândido (início dos 80) dos escoceses do Orange Juice ou do Aztec Camera e também dos ingleses do Prefab Sprout. Em 2008, as semelhanças visíveis com o pós-punk agressivo e nocauteador do Wedding Present (apesar da rápida semelhança de timbre vocal de Siddall com David Gedge) é menos atuante. Claro que ‘The Conversation’ parece ter sido tirada do ‘Grown-ups’ (2007) que por sua vez lembra momentos do ‘Bizarro’ (1989).
‘Life Is Sweet’ preza mais pela agradável sonoridade à primeira audição do que propriamente por qualidades. A banda não mudou, nada acrescentou. Apenas me pareceu fazerem um disco mais comercial e acessível, para atingir mais fãs e curiosos. Não é original. Muito menos vanguardista. Não é chato a ponto de não ouvir uma vez ao menos num dia da semana. Não é contundente a ponto de ficar em destaque em algum semanário musical e aparecer em discussões e fóruns pela rede. Com um certo tempo de carreira, a banda ainda preza pelo anonimato. Já que a ‘vida é doce’, ouvimos como um deleite rápido, contudo esperamos um terceiro disco mais empolgante, ousado e maduro.
Artista: The Lodger
Disco: Life Is Sweet
Ano: 2008
Gravadora: Slumberland Records
Nota: 6,4