Na segunda noite do Festival Indie Rock, os melhores shows foram dos brasileiros. Nação Zumbi e Móveis Coloniais de Acaju fizeram apresentações empolgantes e conquistaram o público (pequeno) do festival.
Quando a Nação Zumbi subiu ao palco, pouco mais de 300 pessoas estavam diante deles, mesmo assim a banda fez uma apresentação completa, tanto no repertório como nos efeitos propagados no enorme telão atrás do grupo. Entre imagens psicodélicas, caranguejos, homens com cabeça de rádio etc. Jorge Du Peixe e sua banda colocaram os tambores para estremecer a Via Funchal, como sempre, foram arrebatadores. Faixas como "Quando A Maré Encher" e "Rios, Pontes e Overdrives" foram os momentos altos do show que foi dedicado para O Rafa, músico do Mombojó que faleceu recentemente, e cuja presença da Nação dentro do festival ocorreu em substituição aos conterrâneos do mangue.
Os brasilienses do Móveis Coloniais de Acaju foram a segunda atração da noite, com a casa um pouco mais cheia, mostraram que a mistura de ritmos funciona, tanto na sonoridade quanto na performance da banda, que além de um "frontman" nato como André Gonzales, possui talentosos músicos que completam o time de dez músicos.
Assistir ao Móveis torna-se uma experiência enriquecedora visualmente e musicalmente, nada estáticos, a banda empolga a platéia com suas coreografias inusitadas, aliás, o melhor momento do festival foi a Polka realizada em plena pista da Via Funchal e a versão para "Glorybox" do Portishead. Com apenas dois álbuns, o efeito do Móveis foi visto no final do festival com diversas pessoas pedindo autógrafo e comprando camisetas do grupo.
Mas, teoricamente, a atração principal da noite seria o The Rakes, a banda inglesa figura no segundo escalão internacional e tem faixas potentes como a conhecida "Strasbourg", mas por algum motivo a banda não empolgou como deveria, ou como se esperava que fosse empolgar. O show tem aquela carga "oitentista" na sonoridade, alguns momentos remetem um pouco de Gang Of Four e Buzzcocks, os riffs fazem o público pular, várias faixas merecem destaque, entre elas "Work Work Work", "The World Was a Mass, but His Hair Was Perfect", "Strasbourg", o tributo a Serge Gainsbourg, "A Man with a Job", "Retreat" e "We Dance Together".
Porém, o show que durou quase uma hora e meia deixou a sensação de que algo ficou faltando, talvez tenha sido o público que naquele momento somava em torno de 1.500 pessoas, não sei, a sensação que ficou foi de que o Magic Numbers no palco sabe utilizar cada milímetro do espaço e sua interação com o público é excepcional, fazendo com que a banda siga rumo ao primeiro escalão, já o The Rakes parece não deixar esse posto tão cedo, infelizmente.
Essa primeira edição do Indie Rock Festival teve pelo lado positivo a escalação das bandas e o local do festival, talvez o que tenha prejudicado um pouco as performances tenha sido o valor dos ingressos e a divisão em dois dias, o que de certa forma esvaziou as apresentações, ainda mais para bandas que tem "poucos" fãs se comparado com outras, para o ano que vem um line-up com alguém de peso como Bloc Party ou Queens Of The Stone Age, e apenas um dia de festival poderão colocar definitivamente o Indie Rock no calendário oficial de festivais brasileiros. Que venha o próximo!
Nação Zumbi