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Moby é um artista versátil, sua discografia oscila entre a eletrônica crua de "Ambient", o desconhecido "Everything Is Wrong", o barulhento "Animal Rights", o perfeito "Play", o emocional "18" e atualmente "Hotel", no qual pela primeira vez Moby resolveu cantar na maioria das faixas. No meio disso tudo ainda sobram vários B-Sides, coletâneas como "I Like To Score", remixes de artistas como Smashing Pumpkins, B-52's, Soundgarden, Depeche Mode, entre outros.



E foi esse Moby, recém-chegado aos 40 anos, vegetariano radical, aparência calma, que concedeu uma entrevista coletiva para a imprensa brasileira, na qual assuntos como música e política dominaram o tom das perguntas.



Com quase duas horas de atraso, devido a um mal estar durante sua volta de Santiago, no Chile, a entrevista começou com Moby falando sobre seu próximo projeto, outro DVD ao vivo, desta vez retratando a turnê de "Hotel", gravado na Bélgica, esse material deve chegar aos fãs no começo de 2006, nele constará material dos shows, bastidores, além de remixes, "ficaram muito bons", segundo ele.







Moby está no país pela terceira vez, na primeira vez (1991), ainda desconhecido, tocou em um festival ao lado de Altern 8 e Soul Slinger, na segunda (2004) vez ele veio exclusivamente para "discotecar" na festa da Diesel, no Rio de Janeiro, o que segundo o músico só ocorreu porque ele deveria estar bêbado quando lhe fizeram essa proposta, "pois voar de tão longe para ser DJ durante uma hora é muito cansativo".



Quando perguntado sobre a música eletrônica brasileira, o termo "ignorant gringo" foi a palavra encontrada para definir sua total falta de conhecimento sobre a eletrônica brasileira, porém, prometeu aproveitar essa passagem pelo Brasil para conhecer alguns artistas.

Ainda falando sobre música brasileira, Os Mutantes, Sepultura e Astrud Gilberto, foram nomes citados pelo artista, inclusive brincou prometendo uma cover de "Roots Bloody Roots", do Sepultura, para o primeiro show que seria realizado no Hotel Unique.







Logo em seguida, uma das perguntas mais constrangedoras, quando questionado sobre os altos preços de seus ingressos (R$300,00), Moby ficou surpreso e afirmou que não sabia que eram tão caros para os padrões brasileiros, e que se preocupa mais com a desigualdade dos salários brasileiros do que com o alto valor de seus ingressos.



Ele também confirmou que está trabalhando na trilha sonora de "Southland Tales", do diretor Richard Kelly (do cult "Donnie Darko"), previsto para 2006, no elenco o ator "The Rock" interpretará "um policial muito, muito gay", segundo as palavras de Moby. Inclusive quando o assunto entrou na questão homossexual, ele se declarou hetero, ao contrário do que muitos falam. Moby cresceu em Nova York, frequentava festas gays, onde na maioria das vezes era DJ, e ainda brincou " mesmo se você é hetero, mas vive em Nova York, você é gay".







Sobre sua formação musical, que começou com aulas de piano e música clássica, passou por bandas de punk rock, discotecagens de hip hop, chegando ao atual posto de produtor/músico/dj, ele diz que é justamente essa base que serve de inspiração para sua sonoridade, citando artistas como Duchamp e Pollock, o músico diz que é necessário romper essa base sólida para se alcançar algo diferente.



Sobre a capa de "Hotel", onde temos uma vista panorâmica de Manhattan, ele nos conta que foi tirada em um hotel moderno da cidade, que fica no meio de prédios antigos, e dessa vista panorâmica de Manhattan é possível encontrar sua atual residência.



Moby sempre faz tudo sozinho, tem total domínio sobre seus trabalhos, porém, acha que canta mal, e não poupa elogios aos seus músicos que o acompanham nas turnês, diz que apenas entrega o cd para eles ouvirem, e isso já é o suficiente para se sairem melhor do que ele. Sobre sua carreira ele diz que gosta de todas as fases, e tem noção de alguém sempre vai criticar seu trabalho.







Quando o assunto é política, Moby se desculpa pela atual política americana em relação à América Latina nos últimos 50 anos. No recente show realizado na Venezuela, Moby se desculpou pelas declarações do pastor americano Pat Robertson, que sugeriu o assassinato de Hugo Chávez.



Sobre o ataque de 11/9, ele que mora em Nova York, disse que os dois primeiros meses foram muito difíceis, pela enorme presença militar na cidade e pelo cheiro dos incêndios, e que uma das mudanças na cidade, é o fato de que em todos os edifícios você deve ser identificado antes de entrar.



Também afirmou que 90% dos nova-iorquinos votaram em John Kerry e que Bush não representa o povo americano, e ainda afirma que George W. Bush é o pior presidente que os Estados Unidos já teve, e a história mostrará isso.







Moby pode realmente não agradar à todos, mas quem já se deixou seduzir por seus trabalhos, sabe muito bem que ele é um artista refinado e moderno, um dos artistas mais importantes dos últimos tempos, capaz de flertar com o punk ou com a soul music de forma sublime, e a prova disso os brasileiros terão durante sua passagem pelo país.



Moby passará por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a turnê de "Hotel" contou com 80 pessoas trabalhando em São Paulo e Belo Horizonte, e 800 pessoas no Rio, onde foi montado um local exclusivo para essa apresentação.



Além do recente "Hotel", a EMI brasileira promete "lançar" os álbuns "Animal Rights" (1996) e "I Like To Score" (1997). No primeiro, Moby mais barulhento, teve como single "That's When I Reach For My Revolver", uma cover do Mission Of Burma, já em "I Like To Score", faixas como "James Bond Theme (Moby's Re-Version)", "Go" e a cover de "New Dawn Fades", do Joy Division, são a atração do álbum.



A cobertura do show de São Paulo você confere em breve, aqui no MuzPlay.



Sites oficiais: www.moby.com

www.mobyla.com

http://mobyhotel.com

 


Coletiva de Imprensa 16.09.2005

Hotel Unique - São Paulo

Texto e Fotos: Adriano Moralis

Agradecimento: Ricardo Tibiu

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