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Confesso, logo a princípio: sou um eterno ouvinte do álbum ‘Writer’s Block’ (2006) da banda sueca Peter Bjorn And John. Até hoje, ele não sai de meu aparelho de som. Em contrapartida, existem 3 fatos negativos:



1 – Outras músicas que ouvi da banda, como o disco ‘Falling Out’ de 2005, não muito me agradou como o disco de 2006;

2 – Ainda espero um outro disco que venha corroborar definitivamente a competência do grupo, para mostrar que ‘Writer’s Block’ não foi um mero acaso ou um efêmero sucesso;

3 – Um dos seus integrantes, o vocalista e guitarrista Peter Morén, resolve lançar um disco solo e tal produção não rende a expectativa de um músico com um certo reconhecimento já mostrado.



Foi com muita curiosidade e apreensão que comecei a ouvir a abertura do disco com ‘Reel To Real’. Com um certo enfado e descontentamento cheguei na metade da produção, isto em ‘My Match’. Por último, quase que urrei e blasfemei para chegar no fechamento do álbum, precisamente em ‘I Don’t Gaze At The Sky’. E são vários os fatores que tiram o brilho do disco e mostram que Peter não deve sair em carreira solo, ou mesmo, deve voltar a fazer algo com sua banda que possa ser comparado à produção de dois anos atrás.



Morén quer fazer um disco simplista de folk-pop. Nada contra o estilo, até virei um fã incondicional do próprio. Contudo, uma obra musical sem imaginação, sem muita carga instrumental, 10 faixas que não variam e uma acaba sendo cópia despersonalizada da outra, realmente não é aceitável. Quem ouviu produções impecáveis de Ola Podrida, Okkervil River e Iron & Wine, sabe que o folk pode extrapolar seus limites e vir com nuances mais trabalhadas. Ainda ressalto uma questão que muitos talvez não concordem: prefiro a voz de Peter com aquela densidade instrumental e elegante de clássicos como ‘Objects Of My Affection’ e ‘Young Folks’. Com mais instrumental e com aquela batida marcante.



Fica a idéia de que Peter pegou um violão, adicionou um sampler ou um instrumento aqui e ali, sentou num banquinho e usou o artíficio ‘vamos-ver-no-que-dá’. Sem muito esforço. A meu ver, faltou um trabalho mais aprimorado com cordas, o que ouvi em ‘Missing Link’ ainda foi insuficiente e não tem nada de excepcional assim. ‘Old Love’ soa sonolenta e outro expoente do folk faria melhor. Para variar, Peter se dá até ao luxo de cantar certos trechos das letras em francês, como na bilíngüe ‘Le Petit Coeur’. Bonito, porém falta mais poder melódico, mais ganchos para grudar em nossas mentes a música. Pior quando a música passa dos 6 minutos e não apresenta textura mais encorpada como acontece em ‘This Is What I Came For’, ou quando resolve assumir uma faceta mais próxima à sonoridade da banda de Peter, sem a mesma classe que o grupo pode – e tem a – oferecer, na mediana ‘Social Competence’. Todavia, têm canções para se destacar. Claro que há interessantes contribuições de harmônicas na que – talvez – seja o momento mais interessante do disco, ‘Tell Me In Time’. Também preciso exaltar a bela guitarra espanhola e a percussão contagiante em ‘Twisted’.



Detesto fazer comparações, ou mesmo execrar algum disco. Se for preciso – como aconteceu aqui – faço sem pensar duas vezes. No resumo final, três resoluções:



1 – Ouça outro grupo que traduza realmente o que seja o folk-pop, isso para você não criar repulsa pelo estilo;

2 – Espere por algo novo do Peter Bjorn And John; é mais valorizável o grupo;

3 – Desenterre sua cópia de ‘Writer’s Block’ e ouça com mais vontade ainda.



Banda: Peter Morén

Disco: The Last Tycoon

Ano: 2008

Gravadora: Quarter Stick



Nota: 4,7