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Sempre fico instigado e intrigado com algo que parece lembrar quase tudo, mas que na verdade, não quer representar absolutamente nada de concreto. Foi por essa razão, que desde o final de 2008, passei a escutar o primeiro disco que faria parte do meu longo caminho sonoro de 2009.

Atravessando uma fronteira de indefinições, os escoceses do The Phantom Band armam uma obra bem confeccionada e que acaba atirando para todos os lados – tal qual uma metralhadora com munição infinita. Infelizmente, o TPB é uma daquelas bandas que surgem repentinamente e no meio de tantos ‘medalhões’ já esperados pelos internautas, tais como Animal Collective, Anthony And The Johnsons, Morrissey e outros. E em se tratando de uma banda praticamente nova e na velocidade de informações as quais no deparamos logo quando ligamos nossos computadores, talvez coisas boas – a exemplo dos ‘fantasmas’ - e que mereçam crédito/chance, passem despercebidas.

Eis que você encontra sua chance de se redimir. Basta ouvir o álbum que, apesar de poucas faixas, ostenta um bom tempo de gratas surpresas: mais de 50 minutos com canções que tem em torno de 4 a 8 minutos. O grupo casa o aparato eletrônico com o velho formato pop-rock para compor uma peça climática como em ‘The Howling’. ‘Burial Sounds’ mostra que são capazes de hipnotizar o ouvinte cometendo bizarrices sonoras com vozes estranhas, bateria vertiginosa e efeitos de guitarra. Ao contrário do que o título sugere, ‘Folk Song Oblivion’ não é uma canção folk, longe disso, é uma música que representa o melhor da herança do pós-punk ou do rock de uma, duas ou três décadas passadas. Destaque para os riffs grudentos das guitarras. Em algumas vezes, os escoceses se embrenham apenas no instrumental, porém, a quilométrica ‘Crocodile’ está longe de ser enfadonha pelas nuances que vai apresentando, isso até os minutos finais onde ocorre a explosão de guitarras frenéticas.

Com tessitura mais pop-rock acessível, a dobradinha ‘Halfhound’ e ‘Left Wand Wave’ compõem os melhores momentos do álbum e talvez aquilo que poderíamos chamar de o ‘cartão de visitas’ da banda. Se você for apresentar a algum amigo o grupo, essas duas composições constituem-se numa proposta ideal. Agora sim, ‘Island’ é o trecho pop-folk do disco. Sobre um arranjo simples, pacífico e com belos dedilhados de cordas, contudo, que não deixa de comprovar a versatilidade sonora dos ‘fantasmas’. ‘The Whole Is On My Side’ fecha o disco com um louvor: segurar o ouvinte até os segundos finais, sem obrigá-lo a saltar faixas, deixando ele na angústia pelo próximo trabalho. Fato raro entre 70% das bandas que escutamos na atualidade.

Numa ‘quase-espécie’ de compêndio musical, passando por Neu!, Simple Minds, Gang Of Four, Violent Femmes, grupos atuais, os escoceses deixaram meus ouvidos colados ao player por muito tempo, e conseguiram conter meu dedo de não apertar as teclas ‘Stop’ ou ‘Fast-Forward’.

Artista: The Phantom Band
Disco: Checkmate Savage
Ano: 2009
Gravadora: Chemikal Underground

Nota: 7,8

Essa minha resenha não seria tão possível sem a ajuda da amiga Patrícia Dijigov: http://site.reverbcity.com/blog/blog.php?cat=4&col=&mes=&ano=&pagina=1&com=1746#c1746
Que me deu uma gama de informações sobre o que passa por esse disco.

 


Eduardo Tadeu Ferrari Salvalaio também escreve em:

    http://www.fotolog.com/bluelines/