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Quando falamos do Canadá geralmente direcionamos nossos olhos para Montreal, mas em Toronto ultimamente encontramos bandas muito interessantes e de diversos estilos como: Tokyo Police Club, Stars, Emily Haines, Great Like Swimmers, Aposttle Of Hustle e o Holy Fuck. Todos distintos mas com algo em comum, a particularidade de se confrontarem com sua própria música. O Holy Fuck faz música eletrônica com boas doses de rock, algo como um espectro psicodélico faz de seu primeiro álbum "LP" uma experiência sônica altamente recomendável. Um pouco de Primal Scream, outro pouco de Withey, gotas de kraut-rock e post-rock, uma mistura explosiva que os coloca em um lugar único neste ano que passou.



O grupo Holy Fuck vem de Toronto e dizem que neste momento é uma das cidades mais bacanas musicalmente. O grupo faz música eletrônica, mas basicamente é rock. Sua música é instrumental e não necessita de vozes para expressar emoções. Seu primeiro disco se chama "LP" e em seu MySpace eles já somam quinhentas mil audições. O mais importante: Holy Fuck é diferente de tudo!



Um de seus membros fundadores e compositor Brian Borcherdt, que agora excursiona com o Holy Fuck junto com o Super Furry Animals pelos Estados Unidos, nos fala de algumas particularidades desta realidade que é o Holy Fuck.



Gostaria que me falasse sobre o começo da banda. Existem projetos anteriores?



Brian: Todos tocamos em grupos diferentes anteriormente. O Holy Fuck começou com uma idéia só para nos divertimos, quem sabe, era como "vamos nos reunir e fazer música barulhenta com alguns troços estranhos com ferro-velho e guitarras compradas de porta em porta que fomos adquirindo em casas de penhor e vendas em garagens".



Em "LP" encontramos música eletrônica com um conteúdo importante de rock. Como definiria o que o público pode encontrar neste disco?



Brian: Você definiu bem, mas penso que é exatamente isso: "são músicas eletrônicas, mas com um conteúdo importante de rock".







Podemos encontrar de LCD Soundsystem até !!! (chk chk chk), mas também algo de Primal Scream. São bandas que te interessam e que podem te inspirar na hora de escrever suas músicas? Quais outros grupos e estilos vocês se interessam?



Brian: Realmente não escutamos nenhuma outra banda e nem dizemos que isso é ou não bacana...nem que tratamos de fazer algo como tal coisa. Escutamos todo tipo de música, nova e velha. Realmente não temos sido influenciados e nem nos inspiramos em nenhuma cena musical. Provavelmente escutamos mais Neil Young que qualquer outra banda eletrônica.



Aliás, vocês estavam em turnê com o !!! (chk chk chk). Quais experiências vocês tiveram nessa turnê?



Brian: Na verdade estamos abrindo os shows de uma grande variedade de bandas. Isso nos isenta de qualquer pressão pela necessidade de encontrarmos nossa própria cena. Encontramos um público pronto para dançar quando tocamos com o !!!, mas encontramos outros tipos de público que são de uma sensibilidade parecida mas de um modo diferente, como quando tocamos com o Wolf Parade e o Do Make Say Think. Isto é apaixonante para nós neste momento, poder tocar para diversos públicos e não termos que nos enquadrar com uma idéia ou expectativa determinada.



Sua música soa eletrônica, mas vocês utilizam somente instrumentos analógicos e sintetizadores. Qual a chave para fazer música eletrônica sem computadores?



Brian: Bem, acredito que usamos menos bases para a melodia que os grupos de rock, mas também é mais perigoso e arbitrário que tocar com as bases que se podem conseguir com um computador. Penso que a chave para qualquer tipo de música é que ela tem que ser catártica. É necessário colocarmos vida nela. Pode ser dura ou estranha ou somente ir direto do que divertir. Mas você tem fazer algo com ela antes que o público possa responder. Além disso, tem que ter algo de humano na música.







Tirando algumas vozes em suas canções, sua música pode ser considerada instrumental. É uma decisão definitiva ou há opções que mudem essa idéia?  Você acredita que a música intrumental possa transmitir o mesmo que uma música com letras?



Brian: Fazemos dessa forma porque é apaixonante. A falta de necessidade de colocar vozes nos permite uma quantidade enorme de liberdade com a música e sua sonoridade. Mas não temos nada definido com respeito o quanto e como queremos progredir com esse conceito. Talvez no álbum seguinte utilizaremos vozes infantis.



Você acredita em uma relação entre sua música do post-rock de grupos como Mogwai e Explosions In The Sky? Você se identifica com esse estilo?



Brian: Com certeza, como disse anteriormente, escutamos uma grande variedade de música. Estou seguro que isto tem um efeito inconsciente sobre nós, em qualquer caso é o mesmo que se pode passar com o Run DMC, Sun Ra e Godspeed. Simplesmente penso que para mim a música que me motiva trata inevitavelmente de uma extensão de um ponto culminante, do clímax. Essa progressão emocional que posso entender. Eu cresci escutando metal e rock experimental com guitarras. Por isso o Holy Fuck tem muito zumbido, tão pesado. Eu gosto disso.



Além disso, sua sonoridade é obscura e de certo modo fria como o Kraut-rock alemão. O Holy Fuck tem interesse por esse tipo de sonoridade? Me fale de seu álbum em relação a esta sonoridade.



Brian: A gravação deste disco foi um pouco como a gravação de um "Pet Sounds". Não como se fosse pop orquestral. Mas igual ao que Brian Wilson explicava sobre sua sonoridade favorita, seus "pet sounds". Estas são as minhas sonoridades favoritas...drone feedback, distorsão, tripped out delay.



Você vem de Toronto, me fale um pouco sobre o que está se passando em sua cidade. Parece que há um movimento como nunca houve antes.



Brian: Toronto tem uma cena legal onde cada banda soa de modo diferente. Não tenho notado nenhuma sonoridade ou tendência concreta. Seguramente não há nenhuma banda como nós. Mas tudo bem. Eu gosto de ser excêntrico. Toronto é bacana porque é grande e cada um pode fazer suas próprias coisas, mas ao mesmo tempo é pequena porque temos que tratar com todo mundo e disfrutar do que uns e outros estão fazendo.



O que você me diz da comparação com grupos como Trans AM ou Prefuse 73?



Brian: São grupos legais. Realmente não acompanho essas bandas. Tenho esse disco do Trans Am, "Future World". É imponente. Mas isso é tudo que eu conheço deles!



Site oficial:

www.holyfuckmusic.com

www.myspace.com/holyfuck

Por: José M. Gallardo (Supernova, Espanha)

Tradução: Adriano Moralis

Fotos: James Mejia